terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Sabe, quando você me disse - bye bye, fique bem, a gente acaba por aqui - eu achei que o que acabava ali não era nós, mas eu, sozinha e desesperada. Por muito tempo não me reconheci, chorei poemas, vomitei ofensas, engasguei nos scrowlings do Mark. Admito, ainda penso e sonho com você. Admito também que no último sonho você não era metade do que sempre achei que fosse, estava sozinho e pedia reconciliação. Eu? Te xingava. Pois bem, lembra daquele beijo embaixo de chuva do carnaval passado? Ele acabou de se repetir, foi lindo, teve música, chuva, tesão e centro de São Paulo. Quem diria, eu sem você sou - eu. Completinha. Choveu, foliei, inteira.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

souvenir

Se eu acordo esboçando saudade, a culpa é minha? Se eu acordo exalando a falta de quem quer que seja, a culpa é de quem quer que seja? Não vou maldizer a vida que nos encaminha para caminhos cubistas e a gente se perde e se afasta, inevitavelmente. Não vou maldizer, perderia muito tempo... Mas afrontarei a vida e essa mania de fazer ficar longe pessoas que a gente queria sempre de mãos dadas, sempre a um chamado. Farei isso lembrando muito, com extrema força e empenho. Lembrarei tanto que o acaso vai se sentir na obrigação de promover encontros. Lembrarei tanto que chamarei telepaticamente. Prometo! Vou me lembrar durante o café solitário e no ônibus do meio-dia. Vou me lembrar naquele lugar cheio, no momento em que ninguém estiver se dirigindo a mim na roda de conversa e vou me lembrar quando for recapitular à noite o dia inteiro no travesseiro, vou me lembrar que lembrei. Promessa! E quero que chegue a vocês meu pensamento, como aquela brisa da tarde que surpreende quando a gente abre a janela e acaricia, sabe? Vai chegar como um alívio de qualquer preocupação, uma música de fundo que tranquiliza. E se a vida demorar para nos juntar, vou lembrar com uma vontade tão grande e dolorosa de tanta saudade que há de chegar meu pensamento aí onde estiverem como o laço do abraço, daqueles bem apertados e afetuosos, daqueles que às vezes a gente não contém as lágrimas, dos que a gente não soltaria nunca, pra mostrar que a gente não aceita a separação injusta que a vida impõe, mas se conforma. Se o afastamento é inevitável, coisa certa... O esquecimento inexiste - coisa certa!

Texto da minha querida amiga - e poetisa - Âmala Barbosa, cujo blog está ali no cantinho, chamado Nostálgica Sensação.

Este texto vem pra dizer que pra este novo ano eu quero muitas coisas - e principalmente pessoas - se tornando apenas saudade. Aquela saudade que se transborda num sorriso leve e sem amarguras, pra lembrar que, às vezes, os desfechos são inevitáveis e necessários e que o barco continua a navegar, só esperando novos ventos - ou que nós mesmos assopremos as velas - e novos portos.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

terça-feira, 11 de junho de 2013


Fiquei olhando pra essa imagem alguns minutos quando a achei na internet. Achei que, nesse momento, ela representa muito bem a minha vida. Algumas cores, muitas letras em árabe e uma confusão meio pesada, um embaraço de sentidos. Está sendo um ano meio denso, cheio de coisas pra absorver. Eu queria ter escrito sobre tanta coisa, mas não tive tempo. E a hora mais triste, caro (inexistente) leitor, é aquela em que você não tem tempo pra fazer as coisas que gosta e, consequentemente, não tem tempo pra olhar pra dentro. Aí na hora que o bonde pára, você desce já tonto e vomitando tudo aquilo que estava ali dentro, esgoelando por atenção.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

agora eu já não tinha fim
o mais bonito de mim
era ser feita
de recomeços

(retirado daqui)

terça-feira, 10 de abril de 2012

É no escuro do quarto, nos lençóis amassados entre as pernas e os contornos dos móveis, que ela volta a ter o medo infantil. De repente o dia parece nunca mais nascer, o espaço mórbido e as paredes cinzas lembram a solitária de quem, por mau comportamento, está fadado a permanecer na exclusão. São três horas da madrugada e o relógio nunca arrastou tanto suas horas. O silêncio penetra nos ouvidos, abafa os gritos de uma língua desconhecida. Ela não quer voltar a dormir, foram os sonhos que a levaram até ali, e a única cena que vê, ao fechar os olhos, é de quando ainda era menina. Não era um dia especial, usava seu vestido rodado cheio de laços lilás e tinha o cabelo entrelaçado, jogado no ombro direito. Comia as frutas do jardim e corria, livre. A única preocupação era não sujar o vestido, um dos seus favoritos. E, no segundo seguinte, a escuridão despenca sobre a imagem colorida. Está de volta ao quarto, que nunca pareceu tão pequeno. Está de volta a sua vida, que nunca foi tão acinzentada. Agora já são quase seis horas da manhã, os primeiros raios de sol aparecem nos vãos da janela e os pássaros avisam que a vida continua. Lavar o rosto deve adiantar. Ela cresceu, o vestido rodado cheio de laços lilás está pequeno agora e a árvore deu lugar a qualquer outra coisa que não sujasse tanto o jardim.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Bom dia 2012!
Nem parece que já faz um ano que postei sobre os meus desejos para 2011. Nem parece que já estou há 6 meses aqui, em Cairo. No entanto, apesar de rápido e doloroso, o ano passado foi com certeza o maior dos aprendizados que já tive na vida. Descobri, entre outras coisas, que a saudade dói, e muito. Aprendi a conviver com meus medos e inseguranças do outro lado do oceano. Aprendi a amar, várias vezes. Aprendi, finalmente, a cozinhar! Descobri que se eu pudesse viajava o mundo todo, conhecia cada povo, aprendia cada língua, porque se tem uma coisa interessante nesse mundo, com certeza é o desconhecido, o diferente. Fortaleci minhas opiniões, criei força para defender o que eu acredito. Chorei, chorei muito, de tristeza, de saudade e de medo. Mas os ventos e a aridez de Cairo secaram tudo e cá estou, pronta pra 2012. Pronta pra aproveitar o primeiro semestre, pronta para viver. Pronta pra voltar pra casa, para os braços de quem me espera. Pronta.

sábado, 17 de dezembro de 2011

beirando

Você está vendo só?
tão simples cair na vida de alguém
mesmo que seja de mansinho,
de pouquinho em pouquinho
até nos encontrarmos inteiros,
mergulhados, envolvidos,
na vida do outro


passa mais perto,
passa beirando meu abismo,
anda sobre a linha que nos divide,
é um risco assumido,
mas é o caminho que se percorre
para de leve, muito leve,
entrar na minha vida.

Cáh Morandi (retirado daqui)