quinta-feira, 15 de abril de 2010

Muitas vezes os ouvi falando de alguém que cometera uma falta como se não fosse um de vocês, mas um estranho e intruso em seu mundo.
Mas eu lhes digo que assim como o santo e o justo não podem se elevar acima do mais alto que há em cada um de vocês,
Também o iníquo e o fraco não podem descer abaixo do que há de mais rasteiro em vocês.
E como nem mesmo uma só folha amarelece sem o conhecimento tácito de toda a árvore,
Também o malfeitor não pode fazer mal sem a secreta concordância de todos vocês.
Como em procissão vocês andam juntos rumo ao eu divino.
Pois são ao mesmo tempo o caminho e o caminhante.
E quando um de vocês cai, cai por aqueles que o seguem, como um alerta sobre a pedra no meio do caminho.
Sim, e cai também por causa daqueles que vão à frente dele, que embora mais ligeiros e de passo mais firme, não removeram o obstáculo.
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E ouçam também o seguinte, mesmo que as palavras inquietem seu coração:
Aquele que é assassinado não deixa de ser responsável pelo próprio assassinato,
E quem é roubado também tem culpa pelo próprio roubo.
O justo não é inocente dos atos do iníquo,
E mesmo quem tem as mãos limpas não está isento nas ações do criminoso.
Sim, o culpado é muitas vezes vítima daquele que foi por ele prejudicado,
E com maior frequência ainda é o condenado quem carrega o fardo do imaculado e inocente.
Não se pode separar o justo do injusto, e o bom do iníquo;
Pois estão lado a lado diante da face do sol, como os fios branco e negro são trançados juntos.
E se o fio negro se rompe, o tecelão vistoria todo o tecido, e examina também o tear.

Sobre o crime e o castigo em O Profeta de Kahlil Gibran

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sorri-se

Quando disse na saída,
deixo meu sorriso
disse bem,
até sorrir pra você
não vou sorrir pra mais ninguém
também disse,
o que se deixa é o que permanece
não esqueça essa sou eu,
que agora desapareceu
E se mais não disse, é que sorria
um sorriso que ficasse,
para depois de ter ido
como se nunca partisse,
como se tudo existisse
ah! se eu soubesse,
ah! se você me visse

Alice Ruiz