terça-feira, 7 de janeiro de 2014

souvenir

Se eu acordo esboçando saudade, a culpa é minha? Se eu acordo exalando a falta de quem quer que seja, a culpa é de quem quer que seja? Não vou maldizer a vida que nos encaminha para caminhos cubistas e a gente se perde e se afasta, inevitavelmente. Não vou maldizer, perderia muito tempo... Mas afrontarei a vida e essa mania de fazer ficar longe pessoas que a gente queria sempre de mãos dadas, sempre a um chamado. Farei isso lembrando muito, com extrema força e empenho. Lembrarei tanto que o acaso vai se sentir na obrigação de promover encontros. Lembrarei tanto que chamarei telepaticamente. Prometo! Vou me lembrar durante o café solitário e no ônibus do meio-dia. Vou me lembrar naquele lugar cheio, no momento em que ninguém estiver se dirigindo a mim na roda de conversa e vou me lembrar quando for recapitular à noite o dia inteiro no travesseiro, vou me lembrar que lembrei. Promessa! E quero que chegue a vocês meu pensamento, como aquela brisa da tarde que surpreende quando a gente abre a janela e acaricia, sabe? Vai chegar como um alívio de qualquer preocupação, uma música de fundo que tranquiliza. E se a vida demorar para nos juntar, vou lembrar com uma vontade tão grande e dolorosa de tanta saudade que há de chegar meu pensamento aí onde estiverem como o laço do abraço, daqueles bem apertados e afetuosos, daqueles que às vezes a gente não contém as lágrimas, dos que a gente não soltaria nunca, pra mostrar que a gente não aceita a separação injusta que a vida impõe, mas se conforma. Se o afastamento é inevitável, coisa certa... O esquecimento inexiste - coisa certa!

Texto da minha querida amiga - e poetisa - Âmala Barbosa, cujo blog está ali no cantinho, chamado Nostálgica Sensação.

Este texto vem pra dizer que pra este novo ano eu quero muitas coisas - e principalmente pessoas - se tornando apenas saudade. Aquela saudade que se transborda num sorriso leve e sem amarguras, pra lembrar que, às vezes, os desfechos são inevitáveis e necessários e que o barco continua a navegar, só esperando novos ventos - ou que nós mesmos assopremos as velas - e novos portos.