quarta-feira, 9 de abril de 2008

"Quando acabara de dormir, atraído pelo céu ensolarado, mas retido pelo frio das derradeiras manhãs, tão luminosas e gélidas, em que principia o inverno, eu, para completar as árvores em que as folhas estavam indicadas apenas por um ou dois toques de ouro ou de rosa que pareciam ter ficado no ar, numa trama invisível, erguia a cabeça e esticava o pescoço enquanto mantinha o corpo meio escondido nos cobertores; como uma crisálida em vias de metamorfose, eu era uma criatura dupla cujas diversas partes não convinham ao mesmo ambiente; a meu ver, bastava a cor, sem calor."

Marcel Proust. In: Em busca do tempo perdido (O caminho de Guermantes)

Acho que vou escolher mesmo francês :)

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