quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sem título

Tinha sentado no chão gelado da cozinha. Em uma das mãos, a insegurança, na outra, a solidão. Os pés de aço da mesa refletiam o medo. Ouvia o silêncio, que só não era maior devido ao tic-tac agonizante do relógio pendurado na parede. Percebia o quanto aquilo havia crescido, se tornado a válvula de escape para as frustrações anteriores. Outro golpe. Maior ou menor, já não fazia a menor diferença, colocaria no mesmo mural, na mesma exposição, na mesma esperança de que na próxima vez ela olhasse com uma maior atenção e pensasse: você já passou por isso antes, não cometa o mesmo erro, é burrice! O silêncio ainda ecoava, o frio retraía cada músculo do seu corpo magro. O cansaço do dia deitava sobre a tristeza da noite, iria acabar como todas as outras: pensativa, debaixo de algumas camadas de cobertor. Achou que seria mais forte... mas não é. Talvez nunca seja afinal, se lembrou de como foi criada, de como acreditava não ser nem um pouco auto-sustentável. O sono aumentava, os pensamentos se misturavam e se transformavam na figura envelhecida de um labirinto. Não sabia pra onde correr e nem se queria voltar. Queria ficar no meio do caminho, assim, intacta.

Um comentário:

Ju Martinez disse...

Acho que vc devia escrever mais.. =)
te amo!